O advogado Marlon Latorraca afirmou que a Justiça Federal cometeu um “exagero” ao mandar prender o ex-presidente da Unimed Cuiabá Rubens Carlos de Oliveira e a ex-diretora Suzana Aparecida Rodrigues dos Santos Palma, na manhã desta quarta-feira (30).
Causou estranheza, porque tanto um quanto outro estão em Cuiabá, têm residência fixa, nunca ameaçaram testemunhas
Os dois e outras quatro pessoas foram alvos da Operação Bilanz, da Polícia Federal, no âmbito que investiga um rombo financeiro de R$ 400 milhões na cooperativa da Capital .
Os mandados de prisão foram expedidos pelo juiz Jeferson Schneider, da 5ª Vara Federal de Cuiabá.
“A busca e apreensão é um ato até normal, mas a prisão é uma medida extrema. […] A gente entende que o doutor Jeferson Shneider [juiz federal] sempre se primou pelas tecnicidades de suas decisões, mas nessa questão específica houve um exagero muito grande em prender pessoas que ainda estão buscando sua defesa”, disse em entrevista ao MidiaNews.
“Causou estranheza, porque tanto um quanto outro estão em Cuiabá, têm residência fixa, nunca ameaçaram testemunhas, nunca atrapalharam o processo, que segredo de Justiça. Estranhamos muito, principalmente a prisão”, acrescentou.
O advogado informou que ingressará com um recurso no Tribunal Regional Federal 1º Região (TRF-1) para tentar reverter a prisão de ambos.
“Ele poderia apenas chamá-lo. É prisão muito precipitada. A gente tem certeza que consegue derrubar isso em Brasília”, disse.
Nova perícia
O advogado afirmou que tenta, em outras esferas da Justiça, a realização de uma nova auditoria nas contas da Unimed Cuiabá enquanto Rubens estava à frente da cooperativa (2019-2023).
É que no início de 2023, a nova gestão da Unimed da Capital, encabeçada pelo médico Carlos Bouret, encomendou uma auditoria independente que apontou que o balanço inicialmente apresentado por Rubens informava um saldo positivo de R$ 370 mil, mas a auditoria demonstrou inconsistências de R$ 400 milhões.
“A grande questão é a realização de uma perícia para gente constatar se houve ou não esse déficit. Se a perícia constatar que houve, que se mostre de onde é. E havendo a demonstração, aí sim, poderiam ser penalizados por alguma situação”, completou.
Veja o vídeo:
Operação Bilanz
Além de Rubens e Suzana, a Operação Bilanz cumpriu mandados de prisão contra o ex-CEO da Unimed Cuiabá Eroaldo de Oliveira, a ex-superintendente administrativa-financeira Ana Paula Parizzotto, a contadora Tatiana Bassan e a advogada Jaqueline Larréa.
Os presos prestam depoimento e passarão por audiência de custódia na Justiça Federal nesta tarde.
A investigação identificou indícios de práticas ilícitas relacionadas à gestão financeira e administrativa da entidade, incluindo a apresentação de documentos com graves irregularidades contábeis à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que ocultaram um déficit de cerca de R$ 400 milhões no balanço patrimonial da entidade em 2022.
Estão sendo apurados os crimes de falsidade ideológica, estelionato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Como parte das medidas investigativas, o MPF requereu o cumprimento de mandados de busca e apreensão, afastamento de sigilos telemático, financeiro e fiscal, além do sequestro de bens dos investigados.
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